O ponto mais controverso da Medida Provisória 693/15 foi a
concessão de porte de arma para auditores da Receita Federal, auditores fiscais
agropecuários e oficiais de Justiça. Esse ponto acabou sendo excluído pelos
deputados em votação em separado, por 245 votos a 193.
Ordem do dia para discussão da Medida Provisória 693/15, que amplia o porte de arma para servidores de carreiras da Receita Federal e oficiais de Justiça e a diminuição de impostos para viagens ao exterior. A MP também concede isenção fiscal para distribuição de energia elétrica e para equipamentos e materiais destinados às Olimpíadas. Dep. Glauber Braga (PSOL-RJ)
O deputado Glauber Braga (Psol-RJ) criticou a tentativa de ampliação do porte. ?Há quem ache que cada cidadão brasileiro, tendo uma arma na cintura, vai fazer o Brasil ficar mais seguro. Nós não acreditamos nisso, achamos que amplia também os casos de violência?, disse.
O deputado Silvio Costa (PTdoB-PE) também avaliou que o porte de arma não é adequado para oficiais de Justiça. ?Sem arma, o oficial de Justiça já chega na arrogância, especialmente os do Trabalho, chega batendo na porta do empresariado. Imagina o oficial armado??, disse.
Já o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) afirmou que o partido propôs a retirada do dispositivo porque as estatísticas comprovam que o porte de arma não é garantia de segurança, já que 80% dos policiais são mortos fora do serviço, mesmo com o direito de usar arma.
?Não é o porte de arma que vai garantir a vida de quem quer que seja. Muito pelo contrário, é um fator para o aumento da agressão e das possibilidades de perda de vida?, avaliou Jungmann.
Direito de defesa
Quem defendeu a medida afirmou se tratar de direito de
defesa. O deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP) disse que o porte de arma pode
impedir represálias. ?Tendo aplicado uma multa, o profissional acaba sendo alvo
de quem quer se vingar?, disse.
Para o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), os parlamentares não conhecem o trabalho dos oficiais de Justiça. ?Não conhecem casos de oficiais que são recebidos à bala. No Brasil, lamentavelmente, quem está andando armado é o bandido. O cidadão de bem está desarmado?, afirmou.
O deputado Moroni Torgan (DEM-CE) também defendeu a medida. ?Eles não podem mais sofrer violência e não ter direito de defesa. Não estão lá para agredir ninguém, mas para se defender?, disse.
Para a deputada Laura Carneiro (PMDB-RJ), a medida daria segurança às categorias. Já o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse que o Estatuto do Desarmamento é a lei mais rigorosa ?do planeta? para o porte de arma. ?Enquanto isso, categorias morrem depois do trabalho porque não têm direito de defender a sua dignidade, a sua família?, declarou.
A votação foi acompanhada por oficiais de Justiça, que defenderam a ampliação do porte de arma.
Fontre: Câmara Federal